Immanuel Kant
desenvolve a filosofia moral em três obras: Fundamentação da Metafísica dos
Costumes (1785), Crítica da Razão Prática (1788) e Crítica do Julgamento
(1790).
Kant em “Crítica da Razão Pura” separa a ciência
da ação. O conhecimento se constrói a partir do fenômeno que alia a intuição sensível ao conceito do intelecto.
Portanto, o uso da
razão pura não tem utilidade teórica em Kant, mas apenas o seu uso prático,
donde o seu livro “Crítica da Razão Prática”.
Assim como a primeira Crítica estabeleceu criticamente
os princípios sintéticos a priori da razão teórica, a Fundamentação
da Metafísica dos Costumes(1785) estabelece criticamente os princípios
sintéticos a priori da razão prática.
Na moral, o ponto de partida de Kant é o de que o único bem irrestrito é
uma vontade boa. Talento, carácter, autodomínio e fortuna podem ser usados para
alcançar maus fins; até mesmo a felicidade pode corromper. O que constitui o
bem de uma vontade boa não é o que esta alcança; a vontade boa é um bem em si e
por si.
O IMPERATIVO
CATEGÓRICO
O famoso axioma de Kant é claro em
sua definição.
"Age de tal modo que a máxima da tua ação se possa tornar princípio de uma legislação universal".
"Age de tal modo que a máxima da tua ação se possa tornar princípio de uma legislação universal".
O IMPERATIVO CATEGÓRICO, EM TERMOS
GERAIS, É UMA OBRIGAÇÃO INCONDICIONAL, OU UMA OBRIGAÇÃO QUE TEMOS
INDEPENDENTEMENTE DA NOSSA VONTADE OU DESEJOS
As nossas
obrigações morais podem ser resultantes do imperativo categórico. O imperativo
categórico pode ser formulado em três formas, que ele acreditava serem mais ou
menos equivalentes .
§ A
primeira formulação (a fórmula da lei universal) diz: "Age somente em
concordância com aquela máxima através da qual tu possas ao mesmo tempo querer
que ela venha a se tornar uma lei universal".
§ A
segunda fórmula (a fórmula da humanidade) diz: "Age por forma a que uses a
humanidade, quer na tua pessoa como de qualquer outra, sempre ao mesmo tempo
como fim, nunca meramente como meio".
§ A segunda fórmula Legislador Universal "Age de tal maneira que tua vontade possa encarar a si
mesma, ao mesmo tempo, como um legislador universal através de suas
máximas."
Fundamentação da Metafísica dos
Costumes
Na obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant divide os
três capítulos de acordo com o método utilizado.
A Primeira Seção – Transição do conhecimento racional comum para o
conhecimento filosófico – tem como objeto o conhecimento moral comum, isto é, o
conceito de dever.
A Segunda Seção -Transição
da filosofia moral popular à metafísica dos costumes- retraça o conceito de
dever em seu fundamento a priori. Apesar das duas seções abarcarem o mesmo
conceito, há uma diferença entre ambas devido ao percurso argumentativo.
No Prefácio da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant
lança algumas indicações que se referem aos procedimentos de análise utilizados
na obra.
A primeira indicação diz do ponto de partida de sua investigação,
que é o conhecimento moral comum – identificado ao conceito de dever.
A segunda indicação diz
do objetivo geral da obra, que é buscar e estabelecer o princípio supremo da
moralidade.
A terceira indicação diz do método seguido pelo autor: ascender analiticamente do
conhecimento moral comum ao seu princípio, para depois voltar sinteticamente do
princípio supremo da moralidade ao conhecimento comum.
A quarta indicação é
a divisão da obra – obtida através da aplicação desse método.
O conhecimento racional comum é tomado como o ponto de partida da
filosofia moral. Este conhecimento racional comum pode ser identificado ao
“conceito dado” – isto é, uma compreensão pré-filosófica – de moralidade. Presume-se, pois, que deva haver algo em comum
entre esses diferentes códigos morais para que todas as concepções possam ser
tomadas como concepções morais. Por isso Kant visa determinar qual é o
significado básico do predicado “moral”. No Prefácio, “conhecimento moral
comum” e a “ideia comum do dever e das leis morais” são identificados.
A segunda indicação acerca do procedimento realizado por Kant é a
caracterização do objetivo da obra como buscar e estabelecer o princípio
supremo da moralidade. Este princípio pode ser denominado “supremo” por regular
o uso do conceito de moralidade em geral. Assim, o princípio se sobrepõe aos
princípios morais particulares.
A terceira indicação que Kant fornece acerca do procedimento
realizado é sobre o método seguido na obra: “o método consiste em ascender
analiticamente do conhecimento moral comum (que se exprime nos juízos morais
particulares) ao seu princípio (portanto ao princípio dos juízos morais
comuns), para retornar em seguida sinteticamente desse princípio ao
conhecimento moral comum (isto é, aos juízos morais que se pautam por esse
princípio)”
Kant utiliza-se de dois métodos: o método analítico –
procede de modo regressivo por ir do conhecimento moral comum até a
determinação do princípio desse saber – e o método sintético – o qual parte do
saber filosófico para aplicar o princípio aos casos particulares. Deve-se ter
em mente que o método analítico é utilizado nas duas primeiras seções da obra,
enquanto o método sintético é utilizado na última seção.
No caso do método analítico, como aquele que parte do que é
procurado como se fosse dado e que ascende de modo que alcança as condições sob
as quais o que é procurado se faz possível, supõe-se que a existência dos
juízos sintéticos a priori é dada. As condições que possibilitam esses juízos –
até as quais se ascende de modo regressivo – são: a forma espaço-temporal das
intuições sensíveis e a forma categorial dos conceitos dos objetos em geral.
O método sintético é de suma importância para o método analítico,
já que para que este seja considerado um método que prova a possibilidade do
juízo sintético a priori – o que se busca – faz-se necessário que as condições
já tenham sido estabelecidas. Estas condições só são estabelecidas através do
método sintético – ou progressivo.
Fica mais clara a aplicação de ambos os métodos na Fundamentação
da Metafísica dos Costumes, pois nela supõe-se como dado a possibilidade de se
fazer juízos morais de acordo com o conhecimento moral comum. Ao partir dos
juízos morais que são pensados de acordo com a compreensão comum do conceito de
moralidade, pode-se ascender (se a análise for correta) ao princípio que embasa
esses juízos morais.
Divisão da obra
Quanto à divisão da obra, Kant afirma que é resultado da aplicação
de seu método analítico-sintético. A aplicação do método sintético faz-se
necessária para estabelecer o princípio supremo dos juízos comuns e este é o
objetivo principal da obra. Todavia, esse objetivo requer um exame crítico e
uma prova da validade deste princípio. A aplicação deste método sintético
centra-se mais na Terceira Seção da obra, na qual se dá a passagem para a
crítica da razão pura prática.
Todavia, antes de aplicar o método sintético para chegar à dedução
do princípio fundamental dos juízos morais, Kant desdobra sua exposição do
conceito dado de moralidade em duas partes: a primeira parte visa explicar
conceitualmente o princípio que está subjacente à aplicação do conceito de
moralidade embasando-se na compreensão pré-filosófica deste conceito; a segunda
parte é composta pelas respostas às oposições filosóficas possíveis quanto à
análise feita. Isto aponta para mais uma diferença entre a Primeira e Segunda
Seções.
O título da Segunda Seção Transição da filosofia popular à
metafísica moral, diz da filosofia popular como exemplos das objeções que
outros filósofos poderiam fazer à análise de Kant acerca do conceito dado de
moralidade. Essas oposições associam-se à noção da natureza da vontade humana
como dependente de estímulos sensíveis, a qual é contrária ao princípio prático
puro kantiano afirmado como subjacente aos juízos morais comuns.
Como ponto de partida dessa retomada são objeções levantadas por
contemporâneos de Kant, representantes da chamada “filosofia popular”, e como
ela resulta numa exposição que se pode chamar de metafísica, do princípio a
priori que subjaz aos juízos morais em geral, é compreensível que Kant tenha
caracterizado a segunda parte da Fundamentação como uma transição da “filosofia
popular” à “metafísica moral”
Como já foi exposto, o ponto de partida da argumentação kantiana é
o conhecimento moral comum – que pode ser identificado à compreensão do
conceito dado de moralidade. Todavia, como expõe Almeida, o que constitui
efetivamente o ponto de partida da Primeira Seção é o conceito de boa vontade –
que designa a vontade moralmente boa, irrestritamente boa.
O que é moralmente bom, por sua vez, precisa
ser definido como algo que é bom sem depender de qualquer condição subjetiva
particular. Esta definição pode ser atribuída a todo sujeito capaz de julgar o
que é bom e capaz de fazer a distinção entre o moralmente bom, útil e
agradável.
A Primeira Seção abarca a passagem do
conhecimento racional comum acerca da moralidade ao conhecimento filosófico.
Kant tem como objetivo delimitar o princípio supremo da moralidade através de
análise, de modo que fique exposto como esse princípio supremo se apresenta em
toda consciência humana.
Destarte, dado que o ponto de partida da
Primeira Seção é a suposição de que somente a vontade moralmente boa pode ser
considerada irrestritamente boa, Kant visa estabelecer, de modo regressivo, a
condição conforme a qual a vontade é moralmente boa, ou seja, o princípio que
quando cumprido, assegura a moralidade das ações do homem. Três proposições
embasam a derivação desse princípio. Estas proposições são derivadas do
conceito do que é moralmente bom e da consideração de que quando a vontade é
afetada por inclinações, não se faz suficiente saber que algo é bom para fazer,
posto que o que é moralmente bom é considerado como um dever.
A primeira proposição expõe que ter uma boa
vontade significa agir por dever, não por inclinação. A segunda proposição
afirma que o que confere valor moral à ação é o princípio de agir por dever –
agir sem visar as consequências ou os fins- é a intenção. A terceira proposição
afirma que o dever é uma ação necessária por respeito à lei moral. Dessas
proposições chega-se ao Imperativo Categórico: “agir de tal maneira que eu
possa querer que a máxima de minha ação se torne uma lei universal” (KANT,
1962, p. 62).
A "moralidade, e a
humanidade enquanto capaz de moralidade, são as únicas coisas que têm
dignidade. A destreza e a diligência no trabalho têm um preço venal; a argúcia
de espírito, a imaginação viva e as fantasias têm um preço de sentimento; pelo
contrário, a lealdade nas promessas, o bem querer fundado em princípios (e não
no instinto) têm um valor intrínseco."
Esta é em
essência a ética de Kant.
Fonte
www.psicologiamsn.comwww.brasilescola.com
criticanarede.com
afilosofiadaintegracao.blogspot.com.br
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