sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Ceticismo Acadêmico x ceticismo Pirrônico

         

    
    O ceticismo acadêmico que tem como seu expoente Carnéades, surgiu no século III A.C na academia de Platão e foi a corrente dominante nesta até o século I A.C. Carnéades formulou uma série de objeções aos filósofos dogmáticos, isto é, aqueles que achavam que poderia haver um conhecimento verdadeiro e certo acerca da natureza das coisas.

        Sua teoria do conhecimento consiste em um dogmatismo negativo, isto é, a impossibilidade do conhecimento verdadeiro e certo sobre a natureza de qualquer coisa. Só podendo haver conhecimento provável, pois, os dados obtidos através dos nossos sentidos são pouco confiáveis e com isso não podemos aferir se nosso raciocínio é seguro, e também não temos nenhum critério ou norma que possa determinar quais dos nossos juízos são falsos ou verdadeiros.

        Assim, o problema fundamental consiste em que qualquer sentença ou proposição que pretende afirmar qualquer tipo de conhecimento sobre o mundo, possui pretensões que ultrapassam a descrição puramente empírica sobre como os fatos se apresentam aos sentidos. Por exemplo: se possuímos algum conhecimento sobre algo, segundo os acadêmicos, o que conhecemos é meramente o conteúdo de uma sentença que, afirmando uma verdade que está para além dos dados dos sentidos de que se pode ter certeza da sua não falsidade. Se a sentença puder ser falsa, esta não poderá ser considerada conhecimento e sim mera opinião de algo que representa uma mera possibilidade.  Assim, um dado que se coaduna com esse tipo de sentença é que para os acadêmicos, esta deve se basear nos dados dos sentidos, na razão e uma vez que as duas fontes não são dignas de confiabilidade e que não possuem uma norma ou garantia de que o conhecimento verdadeiro e certo é possível, pois, sempre haverá uma margem de dúvida acerca de uma sentença que possui um conteúdo que vá além dos dados empíricos possa ser verdadeira em um sentido absoluto formando assim um conhecimento verdadeiro. Assim, os céticos acadêmicos mantém a sentença de que não podemos ter certeza de coisa alguma. E Carnéades ainda propõe a aceitabilidade de sentenças não contraditórias ou concorrentes desde que estas sejam passíveis de verificação.


           Já o ceticismo pirrônico considerava que tanto os dogmáticos quantos os acadêmicos faziam muitas afirmações acerca da possibilidade ou não do conhecimento, o primeiro afirmando que o conhecimento verdadeiro e certo das coisas era possível e o segundo negando esta possibilidade. Assim a teoria do conhecimento pirrônica consiste em que quando os filósofos se propõe a buscar a verdade se defrontam com uma grande variedade de posições teóricas acerca do conhecimento. Essas posições são conflituosas e mutuamente excludentes, cada qual se pretendendo a ser a única verdadeira. Devido à ausência de um critério para decidir qual é a melhor das teorias, uma vez que os próprios critérios dependem da teoria, todas se equivalem, ou seja: são equipolentes. Diante da impossibilidade de decisão, o cético suspende o juízo e livra-se das inquietações da alma e alcança a tranquilidade ou imperturbabilidade.

              Com isso, ainda o problema prático permanece para o cético em geral. Devido à ausência de um critério para decidir sobre a verdade ou falsidade de uma sentença, como agir em sociedade? Por exemplo: os pirrônicos eram marcados por uma orientação prática de obedecer às leis e os costumes da cidade.


                Mas se as leis e costumes da cidade possuem  em seu bojo a cultura da corrupção, falta de transparência para com as verbas públicas, do terror e etc. É lícitos seguir os costumes supracitados só porque não há um critério absoluto para decidir sobre o que é verdadeiro e falso?


Fonte:
 xisxive.blogspot.com.br



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