O ceticismo acadêmico que tem como seu expoente Carnéades,
surgiu no século III A.C na academia de Platão e foi a corrente dominante nesta
até o século I A.C. Carnéades formulou uma série de objeções aos filósofos
dogmáticos, isto é, aqueles que achavam que poderia haver um conhecimento
verdadeiro e certo acerca da natureza das coisas.
Sua teoria do
conhecimento consiste em um dogmatismo negativo, isto é, a impossibilidade do
conhecimento verdadeiro e certo sobre a natureza de qualquer coisa. Só podendo
haver conhecimento provável, pois, os dados obtidos através dos nossos sentidos
são pouco confiáveis e com isso não podemos aferir se nosso raciocínio é
seguro, e também não temos nenhum critério ou norma que possa determinar quais
dos nossos juízos são falsos ou verdadeiros.
Assim, o problema
fundamental consiste em que qualquer sentença ou proposição que pretende
afirmar qualquer tipo de conhecimento sobre o mundo, possui pretensões que
ultrapassam a descrição puramente empírica sobre como os fatos se apresentam
aos sentidos. Por exemplo: se possuímos algum conhecimento sobre algo, segundo
os acadêmicos, o que conhecemos é meramente o conteúdo de uma sentença que,
afirmando uma verdade que está para além dos dados dos sentidos de que se pode
ter certeza da sua não falsidade. Se a sentença puder ser falsa, esta não
poderá ser considerada conhecimento e sim mera opinião de algo que representa
uma mera possibilidade. Assim, um dado que se coaduna com esse tipo de
sentença é que para os acadêmicos, esta deve se basear nos dados dos sentidos,
na razão e uma vez que as duas fontes não são dignas de confiabilidade e que
não possuem uma norma ou garantia de que o conhecimento verdadeiro e certo é
possível, pois, sempre haverá uma margem de dúvida acerca de uma sentença que
possui um conteúdo que vá além dos dados empíricos possa ser verdadeira em um
sentido absoluto formando assim um conhecimento verdadeiro. Assim, os céticos
acadêmicos mantém a sentença de que não podemos ter certeza de coisa alguma. E
Carnéades ainda propõe a aceitabilidade de sentenças não contraditórias ou
concorrentes desde que estas sejam passíveis de verificação.
Já o
ceticismo pirrônico considerava que tanto os dogmáticos quantos os acadêmicos
faziam muitas afirmações acerca da possibilidade ou não do conhecimento, o
primeiro afirmando que o conhecimento verdadeiro e certo das coisas era
possível e o segundo negando esta possibilidade. Assim a teoria do conhecimento
pirrônica consiste em que quando os filósofos se propõe a buscar a verdade se
defrontam com uma grande variedade de posições teóricas acerca do conhecimento.
Essas posições são conflituosas e mutuamente excludentes, cada qual se
pretendendo a ser a única verdadeira. Devido à ausência de um critério para
decidir qual é a melhor das teorias, uma vez que os próprios critérios dependem
da teoria, todas se equivalem, ou seja: são equipolentes. Diante da
impossibilidade de decisão, o cético suspende o juízo e livra-se das inquietações
da alma e alcança a tranquilidade ou imperturbabilidade.
Com isso, ainda o problema prático permanece para o cético em geral. Devido à
ausência de um critério para decidir sobre a verdade ou falsidade de uma
sentença, como agir em sociedade? Por exemplo: os pirrônicos eram marcados por
uma orientação prática de obedecer às leis e os costumes da cidade.
Mas se as leis e costumes da cidade possuem em seu bojo a cultura da corrupção,
falta de transparência para com as verbas públicas, do terror e etc. É lícitos
seguir os costumes supracitados só porque não há um critério absoluto para
decidir sobre o que é verdadeiro e falso?
Fonte:
xisxive.blogspot.com.br
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