Filósofo, ensaísta e historiador escocês, pertence à tradição
empirista britânica, cujos antecessores foram LOCKE e BERKELEY. É talvez o primeiro filósofo a
procurar trazer para a filosofia o tipo de atitude que tantos resultados
produziu nas ciências da natureza do seu tempo. Ficou famoso o seu conselho de
que devemos deitar à fogueira tudo o que não for ciência empírica ou disciplinas
matemáticas. Este tipo de atitude voltaria a ser popular, sobretudo junto dos
filósofos do POSITIVISMO LÓGICO. Para
não correr o risco de ser ele próprio deitado à fogueira, pelo menos
metaforicamente, só permitiu que os Diálogos sobre a Religião Natural (1779) fossem publicados depois da sua
morte. Nesta obra, Hume apresenta uma análise hoje clássica dos argumentos
contra e a favor da existência de Deus. O seu argumento contra os milagres foi
exposto também no Ensaio sobre
o Entendimento Humano.
A sua primeira obra, o Tratado da Natureza Humana (1739-40), procura ambiciosamente
estabelecer os fundamentos de uma teoria empírica da natureza humana. Nesta
obra encontram-se algumas das ideias que mudaram a face da filosofia moderna,
nomeadamente no que respeita à EPISTEMOLOGIA e à ÉTICA. Porque os seus contemporâneos não lhe
prestaram grande atenção, Hume tentou apresentar aproximadamente as mesmas
ideias, de forma mais clara, nas obras Investigação
sobre o Entendimento Humano (1748)
e Investigação sobre os Princípios da Moral (1751).
No que respeita à epistemologia, Hume
introduz de forma clara a distinção entre conhecimento a priori e a
posteriori, a que ele chamou,
respectivamente, "relações de ideias" e "questões de
facto". O conhecimento a
priori tem por objecto
unicamente as matemáticas; todo o conhecimento do mundo é baseado na
experiência, não sendo possível estabelecer a
priori nem mesmo os
princípios mais gerais que regulam as verdades empíricas, como o princípio de
causalidade. A teoria da causalidade de Hume baseia-se na projecção
psicológica: perante sucessões repetidas de acontecimentos do mesmo tipo, os
seres humanos são levados a inferir fantasiosamente a existência de uma conexão
causal entre esses acontecimentos.
Hume adota a mesma estratégia
projetivista em ética. Traçando uma distinção profunda entre factos e valores,
declara que não se podem extrair os últimos dos primeiros, e que a ética é
apenas o resultado da projeção de valores humanos sobre os factos do mundo,
valores estes ancorados no sentimento e não na razão. O seu argumento baseia-se
na ideia de que os factos são objecto de crença e que as crenças não são
motivadoras, isto é, não têm o poder de nos levar a agir; só os desejos têm
esse poder. Tanto no âmbito da epistemologia como da ética, as ideias de Hume
foram das mais influentes de sempre na história da filosofia.
Fonte
http://www.defnarede.com/
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