quinta-feira, 31 de julho de 2014

Pedro Abelardo



Pedro Abelardo nasceu em Pallet em 1079 na Bretanha, região situada na França, e morreu em 21 de abril de 1142 em Chalon-sur-Saône.
Foi um teólogo e filósofo escolástico, mestre em dialética, tendo feito grandes contribuições para a lógica. Ficou famoso seu relacionamento com a aluna Heloísa. Uma triste história de amor .

Enquanto professor de Notre-Dame, conheceu Heloísa em 1117, quando ela tinha dezesseis anos.   A relação tornou-se amorosa, e acabaram tendo um filho chamado Astrolábio.
Ao serem descobertos pelo tio da jovem, revelam sobre a gravidez, e o tio obriga com que eles se casem, e ambos não querem por causa da carreira do filósofo. Pedro então envia sua amada para se tornar freira num convento.
Os dois então passaram a fazer algo que foi o mais marcante na história de amor deles. Escreveu "História de Minhas Calamidades", uma autobiografia e sua principal obra, onde também trocava correspondências com Heloísa, a soma chega a 113 cartas de amor anônimas entre eles.

Ele abandona a Basílica de Saint-Denis por discordar da identificação que havia entre São Denis com Pseudo-Dionísio.
Em 1222 isto ocorre, virando eremita por um tempo, depois voltando a lecionar como professor em Paris, fundando o Oratório do Paracleto. Por volta de 1120 aprofunda-se em teologia . Se opôs a personalidades  como Bernardo de Claraval. Com seus estudos em teologia, escreve "Tratado Sobre a Unidade e a Trindade Divina ou Teologia do Bem Supremo", onde aborda que Deus está fora de todas que conhecemos e podemos vir a conhecer, explicando sobre a Santíssima Trindade com analogia gramatical.

Em 1136 volta a ensinar na escola de Sainte-Geneviève. As acusações que recebe do Concílio de Sens em 1140 por acusações de heresia por parte de Guilherme de Saint-Thierry e Bernardo de Claraval fazem Abelardo recorrer à Roma. Entretanto, quando se direcionava para Roma para se defender contra as acusações de ser herege, padece de uma doença, o que o faz ter que se abrigar na Abadia de Cluny, onde é acolhido por um amigo. Esse amigo era Pedro, o Venerável; que chegou a uma reconciliação formal entre Abelardo e São Bernardo, onde pediu que o filósofo permanecesse no convento de Cluny devido sua doença. Passou meses por lá, até sua morte em 21 de abril de 1142.

Pensamento

 São três as áreas de pesquisa de Abelardo: Lógica, Teologia e Ética.
A filosofia de Pedro Abelardo se encontra diretamente direcionada para a teologia e a linguagem lógica. O fundamento de sua filosofia é a apologia ao movimento escolástico e a oposição do realismo sobre os universais apresentado por Platão.
Discordava da abordagem realista de Platão sobre os universais, que era o consenso comum entre o meio filosófico da Idade Média. Um termo como exemplo um carvalho seriam apenas palavras sem denotação real com os carvalhos existentes. Os universais não passariam de conceitos inteligíveis criados pelo intelecto, da mente as deriva das coisas que guardam alguma semelhança. Prestava especial atenção à linguagem, suscetível a múltiplas interpretações e empregos de sentenças gramaticais e linguísticas.
Em sua obra "Dialética", disserta justamente sobre a dialética em si, virando uma ferramenta didática para o ensino do trivium (gramática, lógica e retórica).Valoriza a dialética como não só uma forma habilidosa de discurso, mas como o mais eficaz meio de distinguir o conhecimento verdadeiro do falso. Contribui para a educação escolástica com a obra "Pró e Contra", onde interpreta as Escrituras sob a ótica da razão e os dogmas cristãos.

A metodologia da lógica de Abelardo é de análise, estuda a questão filosófica que em discussão e examinava as partes que a constituem, procurando os pontos de incoerência e contradição entre suas premissas e a ideia principal, onde assim, por fim, a razão prevaleça sobre a opinião.

Em ética afirmou que o pecado não é a ação física, e sim o impulso mental de pecar, sendo o pecado a intenção de pecar e não o ato.
Quanto à Deus, concluiu a impossibilidade de se definir sua essência, por ser transcendente, estando além do que conhecemos ou podemos vir a conhecer.
No que diz respeito à Dialética, Abelardo a distingue da mera habilidade discursiva, defende que cultivar a Dialética corresponde a cultivar a própria razão. A razão dialética, segundo Abelardo, é, concomitantemente, razão crítica.

O objetivo de Abelardo era tornar os enunciados cristãos acessíveis à razão humana. Abelardo distingue o intelligere do comprehendere, a Dialética serve ao intelligere, que é obra da razão e da fé conjuntamente, já o comprehendere é fruto exclusivo da graça de Deus.
A ética de Abelardo foi trabalhada na obra Ethica seu scito te ipsum, de acordo com Beonio-Brocchiere, tal tratado pode ser considerado como o mais filosófico tratado de Abelardo. Para ele a consciência é o centro da vida moral, dizendo que a vontade ou o desejo por algo contrário à Moral não podem ser considerados pecado, mas sim a falta de oposição/ resistência em praticá-los.

Abelardo distingue os desejos e as inclinações humanas das decisões da consciência. Assim, fica claro que para Abelardo a intenção é determinante da vida moral. A intenção interioriza a vida moral, não a subordinando à heteronímia moral. Ainda, a intenção nos coloca no centro das nossas paixões e desejos, não somos culpados por termos desejos e paixões, mas segundo a orientação das nossas respostas a tais.

Finalmente, pelo intentio, descobre-se que é impossível se ater à exterioridade da ação, pois uma ação só adquire valor moral a partir da sua motivação e dos seus objetivos. Ouçamo-lo: "Os homens julgam aquilo que lhes aparece, não tanto aquilo que lhe está oculto, sem levar em conta tanto a delituosidade da culpa como o efeito da ação. Somente Deus, que não olha para as ações que fazemos, avalia com base na verdade as razões de nossa intenção e examina a culpa com juízo perfeito."

Em Abelardo, não temos um subjetivismo moral, embora seja a consciência moral de um homem que determina se a sua ação é moral ou não. Não temos um subjetivismo, pois a consciência humana deve orientar-se em conformidade às Leis Divinas, a cujos imperativos o homem deve adequar-se. A moralidade de um ato é sim interior, mas os princípios, os valores pelos quais o homem e a mulher devem se orientar são dados por Deus. Assim, confirma-se que em Abelardo a razão e a consciência estão em função das verdades reveladas.

A frase "a dúvida nos leva à pesquisa e através dessa conhecemos a verdade" é um dos princípios de Abelardo que direciona tanto seus pensamentos filosóficos como teológicos. O filósofo parte dessa idéia inicial para formar e fundamentar o seu raciocínio crítico. A dúvida é onde começa o caminho para a pesquisa, é uma frequente interrogação que nos leva a um exame mais aprofundado das questões que nos interessam. Através da dúvida o filósofo Abelardo emprega um caráter científico às suas investigações.

Frases:
- A chave para encontrarmos a sabedoria é a interrogação permanente e regular.
- Escrever é um mal perigoso e contagioso.
- Não podemos acreditar em nada se antes não o entendermos.
- É ridículo pregar aos outros aquilo que nem nós nem os outros entendemos.
- Deus faz aquilo que quer, mas como só quer aquilo que é bom, Deus só faz o bem.


www.filosofia.com.br

filosofiacienciaevida.uol.com.br

www.e-biografias.net

Nenhum comentário:

Postar um comentário