Pedro
Abelardo nasceu em Pallet em 1079 na Bretanha, região situada na França, e
morreu em 21 de abril de 1142 em Chalon-sur-Saône.
Foi um
teólogo e filósofo escolástico, mestre em dialética, tendo feito grandes
contribuições para a lógica. Ficou famoso seu relacionamento com a aluna
Heloísa. Uma triste história de amor .
Enquanto professor de Notre-Dame, conheceu Heloísa em 1117,
quando ela tinha dezesseis anos. A
relação tornou-se amorosa, e acabaram tendo um filho chamado Astrolábio.
Ao serem descobertos pelo tio da jovem, revelam sobre a
gravidez, e o tio obriga com que eles se casem, e ambos não querem por causa da
carreira do filósofo. Pedro então envia sua amada para se tornar freira num
convento.
Os dois então passaram a fazer algo que foi o mais marcante na
história de amor deles. Escreveu "História de Minhas Calamidades",
uma autobiografia e sua principal obra, onde também trocava correspondências
com Heloísa, a soma chega a 113 cartas de amor anônimas entre eles.
Ele
abandona a Basílica de Saint-Denis por discordar da identificação que havia
entre São Denis com Pseudo-Dionísio.
Em 1222
isto ocorre, virando eremita por um tempo, depois voltando a lecionar como
professor em Paris, fundando o Oratório do Paracleto. Por volta de 1120
aprofunda-se em teologia . Se opôs a personalidades como Bernardo de Claraval. Com seus estudos
em teologia, escreve "Tratado Sobre a Unidade e a Trindade Divina ou
Teologia do Bem Supremo", onde aborda que Deus está fora de todas que
conhecemos e podemos vir a conhecer, explicando sobre a Santíssima Trindade com
analogia gramatical.
Em 1136
volta a ensinar na escola de Sainte-Geneviève. As acusações que recebe do
Concílio de Sens em 1140 por acusações de heresia por parte de Guilherme de
Saint-Thierry e Bernardo de Claraval fazem Abelardo recorrer à Roma.
Entretanto, quando se direcionava para Roma para se defender contra as
acusações de ser herege, padece de uma doença, o que o faz ter que se abrigar
na Abadia de Cluny, onde é acolhido por um amigo. Esse amigo era Pedro, o
Venerável; que chegou a uma reconciliação formal entre Abelardo e São Bernardo,
onde pediu que o filósofo permanecesse no convento de Cluny devido sua doença.
Passou meses por lá, até sua morte em 21 de abril de 1142.
Pensamento
São
três as áreas de pesquisa de Abelardo: Lógica, Teologia e Ética.
A
filosofia de Pedro Abelardo se encontra diretamente direcionada para a teologia
e a linguagem lógica. O fundamento de sua filosofia é a apologia ao movimento
escolástico e a oposição do realismo sobre os universais apresentado por
Platão.
Discordava
da abordagem realista de Platão sobre os universais, que era o consenso comum
entre o meio filosófico da Idade Média. Um termo como exemplo um carvalho
seriam apenas palavras sem denotação real com os carvalhos existentes. Os
universais não passariam de conceitos inteligíveis criados pelo intelecto, da
mente as deriva das coisas que guardam alguma semelhança. Prestava especial
atenção à linguagem, suscetível a múltiplas interpretações e empregos de
sentenças gramaticais e linguísticas.
Em sua
obra "Dialética", disserta justamente sobre a dialética em si,
virando uma ferramenta didática para o ensino do trivium (gramática, lógica e
retórica).Valoriza a dialética como não só uma forma habilidosa de discurso,
mas como o mais eficaz meio de distinguir o conhecimento verdadeiro do falso.
Contribui para a educação escolástica com a obra "Pró e Contra", onde
interpreta as Escrituras sob a ótica da razão e os dogmas cristãos.
A
metodologia da lógica de Abelardo é de análise, estuda a questão filosófica que
em discussão e examinava as partes que a constituem, procurando os pontos de
incoerência e contradição entre suas premissas e a ideia principal, onde assim,
por fim, a razão prevaleça sobre a opinião.
Em
ética afirmou que o pecado não é a ação física, e sim o impulso mental de
pecar, sendo o pecado a intenção de pecar e não o ato.
Quanto
à Deus, concluiu a impossibilidade de se definir sua essência, por ser
transcendente, estando além do que conhecemos ou podemos vir a conhecer.
No que
diz respeito à Dialética, Abelardo a distingue da mera habilidade discursiva,
defende que cultivar a Dialética corresponde a cultivar a própria razão. A
razão dialética, segundo Abelardo, é, concomitantemente, razão crítica.
O
objetivo de Abelardo era tornar os enunciados cristãos acessíveis à razão
humana. Abelardo distingue o intelligere do comprehendere, a Dialética serve ao
intelligere, que é obra da razão e da fé conjuntamente, já o comprehendere é
fruto exclusivo da graça de Deus.
A ética
de Abelardo foi trabalhada na obra Ethica seu scito te ipsum, de acordo com
Beonio-Brocchiere, tal tratado pode ser considerado como o mais filosófico
tratado de Abelardo. Para ele a consciência é o centro da vida moral, dizendo
que a vontade ou o desejo por algo contrário à Moral não podem ser considerados
pecado, mas sim a falta de oposição/ resistência em praticá-los.
Abelardo
distingue os desejos e as inclinações humanas das decisões da consciência.
Assim, fica claro que para Abelardo a intenção é determinante da vida moral. A
intenção interioriza a vida moral, não a subordinando à heteronímia moral.
Ainda, a intenção nos coloca no centro das nossas paixões e desejos, não somos
culpados por termos desejos e paixões, mas segundo a orientação das nossas
respostas a tais.
Finalmente,
pelo intentio, descobre-se que é impossível se ater à exterioridade da ação,
pois uma ação só adquire valor moral a partir da sua motivação e dos seus
objetivos. Ouçamo-lo: "Os homens julgam aquilo que lhes aparece, não tanto
aquilo que lhe está oculto, sem levar em conta tanto a delituosidade da culpa
como o efeito da ação. Somente Deus, que não olha para as ações que fazemos,
avalia com base na verdade as razões de nossa intenção e examina a culpa com juízo
perfeito."
Em
Abelardo, não temos um subjetivismo moral, embora seja a consciência moral de
um homem que determina se a sua ação é moral ou não. Não temos um subjetivismo,
pois a consciência humana deve orientar-se em conformidade às Leis Divinas, a cujos
imperativos o homem deve adequar-se. A moralidade de um ato é sim interior, mas
os princípios, os valores pelos quais o homem e a mulher devem se orientar são
dados por Deus. Assim, confirma-se que em Abelardo a razão e a consciência
estão em função das verdades reveladas.
A frase
"a dúvida nos leva à pesquisa e através dessa conhecemos a verdade" é
um dos princípios de Abelardo que direciona tanto seus pensamentos filosóficos
como teológicos. O filósofo parte dessa idéia inicial para formar e fundamentar
o seu raciocínio crítico. A dúvida é onde começa o caminho para a pesquisa, é
uma frequente interrogação que nos leva a um exame mais aprofundado das
questões que nos interessam. Através da dúvida o filósofo Abelardo emprega um
caráter científico às suas investigações.
Frases:
- A chave para encontrarmos a sabedoria é a
interrogação permanente e regular.
- Escrever é um mal perigoso e contagioso.
- Não podemos acreditar em nada se antes não o
entendermos.
- É ridículo pregar aos outros aquilo que nem
nós nem os outros entendemos.
- Deus faz aquilo que quer, mas como só quer
aquilo que é bom, Deus só faz o bem.
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