Górgias
de Leontini (480 a 375 AC) Nascido na Sicília foi para Atenas na qualidade de
embaixador. Ensinou a arte da retórica em vários locais.
Primeiramente
professou a doutrina eleática mas depois assumiu o ascetismo que levou até o
extremo em três teses: 1º que nada existe, 2º que ainda que existisse, não
poderia ser conhecido e 3º que ainda que existisse e pudesse ser conhecido não
poderia ser comunicado aos demais.
Górgias,
com essas três negações foi muito além de um vulgar ascetismo proclamando um
desconcertante niilismo. Seu sentido seria o seguinte: são tantas as antinomias
que se seguem à admissão do ser que o mais lógico é dizer que nada existe.
Górgias obrigava seus discípulos a aprender de
cor passagens típicas de literatura e imitá-las.
Posteriormente
Górgias viajou pela Grécia fazendo preleções, e terminou sua longa vida em
Larissa. Seu sobrinho-neto mandou erigir-lhe uma estátua em Olímpia, cujo
pedestal ainda subsiste com a respectiva inscrição.
Górgias
para fundamentar sua filosofia toma por base o niilismo, a descrença por razão
principal, onde nada existe de absoluto, onde não existem verdades morais e nem
hierarquia de valores. A verdade não existe, qualquer saber é impossível e tudo
é falso porque é ilusório.
Seu
niilismo baseias-se em três tópicos, primeiro na não existência do ser, existe
somente o nada. O ser não é uno, não é múltiplo, nem incriado e nem gerado, por
conseguinte o ser é nada. Segundo, mesmo que o ser existisse ele não poderia
ser conhecido pois se podemos pensar em coisas que não existem é porque existe
uma separação entre o que pensamos e o ser, o que impossibilita o seu
conhecimento. E terceiro, mesmo que pudéssemos pensar e conhecer o ser nós não
poderíamos expressar como ele é porque as palavras não conseguem transmitir com
veracidade nada que não seja ela mesma. Quando comunicamos, comunicamos
palavras e não o ser.
O
filósofo destrói dessa forma a possibilidade de alcançarmos a verdade absoluta.
Nossa razão somente pode iluminar as situações em que os homens vivem mas não
tem a capacidade de formular regras absolutas. Podemos somente analisar a
condição em que nos encontramos e expor o que devemos ou não fazer e mesmo o
que devemos ou não fazer muda muito dependendo da situação em que nos
encontramos. Uma mesma atividade pode ser boa ou ruim dependendo de quem a pratica
e em que situação se encontra.
Como
não existe uma verdade absoluta e a falsidade está em tudo as palavras assumem
uma autonomia quase sem limites pois estão desligadas do ser. As palavras são
independentes e estão disponíveis para os mais diversos usos. Um dos principais
usos é a retórica que utiliza a palavra para sugerir, para fazer crer e para
persuadir os cidadãos. A retórica tem assim grande utilidade para a política.
As palavras têm também grande expressão na poesia que diferente da retórica não
tem interesses práticos, mas artísticos. Frente ao drama da vida a única
consolação é a palavra que adquire valor próprio porque não exprime a verdade
mas a aparência. A palavra cia um mundo perfeito onde é belo viver. A palavra
exprime da melhor forma as paixões que direcionam a vida dos homens.
Entre a
série de discursos proferidos por Górgias havia um pronunciado em Olímpia,
pregando veementemente a união das cidades gregas contra a Pérsia. Parte de uma
oração fúnebre é o único fragmento importante de sua obra que se conserva.
Sua
influência na prosa ática evidencia-se nos discursos constantes da obra de
Tucídides, em Antífon e, principalmente, nas orações de Isócrates.
Frases:
- Assim
como a visão não conhece os sons, o ouvido não ouve as cores, mas os sons. Quem
fala expressa bem um som, mas não pode falando expressar uma cor ou uma
experiência.
- A
poesia é um discurso com métrica e quem a escuta é invadido por um arrepio de
estupor, uma compaixão que arranca lágrimas, um ardente desejo de dor e pelo
efeito das palavras a alma sofre seu próprio sofrimento ao ouvir a sorte ou o
azar de fatos e pessoas estranhas.
- Se é
eterno não teve princípio, se não tem princípio é infinito, se é infinito não
está em nenhum lugar, se não está em nenhum lugar não existe.
- Mesmo
que as coisas sejam elas não são conhecíveis.
- O
artista é um criador de mundos.
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