quarta-feira, 30 de julho de 2014

Górgias

Górgias de Leontini (480 a 375 AC) Nascido na Sicília foi para Atenas na qualidade de embaixador. Ensinou a arte da retórica em vários locais. 

Primeiramente professou a doutrina eleática mas depois assumiu o ascetismo que levou até o extremo em três teses: 1º que nada existe, 2º que ainda que existisse, não poderia ser conhecido e 3º que ainda que existisse e pudesse ser conhecido não poderia ser comunicado aos demais.

Górgias, com essas três negações foi muito além de um vulgar ascetismo proclamando um desconcertante niilismo. Seu sentido seria o seguinte: são tantas as antinomias que se seguem à admissão do ser que o mais lógico é dizer que nada existe.
 Górgias obrigava seus discípulos a aprender de cor passagens típicas de literatura e imitá-las.
Posteriormente Górgias viajou pela Grécia fazendo preleções, e terminou sua longa vida em Larissa. Seu sobrinho-neto mandou erigir-lhe uma estátua em Olímpia, cujo pedestal ainda subsiste com a respectiva inscrição.

Górgias para fundamentar sua filosofia toma por base o niilismo, a descrença por razão principal, onde nada existe de absoluto, onde não existem verdades morais e nem hierarquia de valores. A verdade não existe, qualquer saber é impossível e tudo é falso porque é ilusório.

Seu niilismo baseias-se em três tópicos, primeiro na não existência do ser, existe somente o nada. O ser não é uno, não é múltiplo, nem incriado e nem gerado, por conseguinte o ser é nada. Segundo, mesmo que o ser existisse ele não poderia ser conhecido pois se podemos pensar em coisas que não existem é porque existe uma separação entre o que pensamos e o ser, o que impossibilita o seu conhecimento. E terceiro, mesmo que pudéssemos pensar e conhecer o ser nós não poderíamos expressar como ele é porque as palavras não conseguem transmitir com veracidade nada que não seja ela mesma. Quando comunicamos, comunicamos palavras e não o ser.

O filósofo destrói dessa forma a possibilidade de alcançarmos a verdade absoluta. Nossa razão somente pode iluminar as situações em que os homens vivem mas não tem a capacidade de formular regras absolutas. Podemos somente analisar a condição em que nos encontramos e expor o que devemos ou não fazer e mesmo o que devemos ou não fazer muda muito dependendo da situação em que nos encontramos. Uma mesma atividade pode ser boa ou ruim dependendo de quem a pratica e em que situação se encontra.

Como não existe uma verdade absoluta e a falsidade está em tudo as palavras assumem uma autonomia quase sem limites pois estão desligadas do ser. As palavras são independentes e estão disponíveis para os mais diversos usos. Um dos principais usos é a retórica que utiliza a palavra para sugerir, para fazer crer e para persuadir os cidadãos. A retórica tem assim grande utilidade para a política. As palavras têm também grande expressão na poesia que diferente da retórica não tem interesses práticos, mas artísticos. Frente ao drama da vida a única consolação é a palavra que adquire valor próprio porque não exprime a verdade mas a aparência. A palavra cia um mundo perfeito onde é belo viver. A palavra exprime da melhor forma as paixões que direcionam a vida dos homens.
 

Entre a série de discursos proferidos por Górgias havia um pronunciado em Olímpia, pregando veementemente a união das cidades gregas contra a Pérsia. Parte de uma oração fúnebre é o único fragmento importante de sua obra que se conserva.
Sua influência na prosa ática evidencia-se nos discursos constantes da obra de Tucídides, em Antífon e, principalmente, nas orações de Isócrates.

Frases:
- Assim como a visão não conhece os sons, o ouvido não ouve as cores, mas os sons. Quem fala expressa bem um som, mas não pode falando expressar uma cor ou uma experiência.
- A poesia é um discurso com métrica e quem a escuta é invadido por um arrepio de estupor, uma compaixão que arranca lágrimas, um ardente desejo de dor e pelo efeito das palavras a alma sofre seu próprio sofrimento ao ouvir a sorte ou o azar de fatos e pessoas estranhas.
- Se é eterno não teve princípio, se não tem princípio é infinito, se é infinito não está em nenhum lugar, se não está em nenhum lugar não existe.
- Mesmo que as coisas sejam elas não são conhecíveis.

- O artista é um criador de mundos.

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